segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Beethoven e o gás


A luz do rádio relógio marcava luminosamente o horário, 11h00m, mas a música que invadia meu quarto não vinha do aparelho, e sim da rua, para ser mais exato, do caminhão de gás, que com sua música, não apenas entrava na minha casa, mas em meu sono e, por vezes até, em meus sonhos eróticos.

Lembro de uma vez que perdi uma prova porque o caminhão passou mais tarde, tamanha era a sua importância e a importância sua música que ambos me deixaram de recuperação naquele verão.

Por vezes fazemos nossas listas de musicas, filmes, livros que nos marcaram, mas lembro que sempre colocamos as que nos trazem lembranças felizes, e algumas vezes até as que nos deixam tristes, mas Beethoven e a “Pour Elise” resolveram fazer parte da minha história por outro sentimento: o desconforto.

Hoje, menos traumatizado, consigo analisar a importância deste desconforto, e até arrisco a dizer que meu apreço por musica clássica advenha dessa musica. Recordo do misto de alivío e tristeza no dia que a companhia de gás resolveu trocar a musica por um jingle que me escapa fácil. Enfim, acho que sinto falta de quando Beethoven invadia minha manhã dizendo que tinha gás.

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